Depois do sufoco de quase morte
com o objetivo de virar entulho para treino de guerrilha, o Prédio dá uma
espiada no entorno como quem não quer nada, assobia para o Rio de brincadeira,
imitando uma marchinha de Carnaval.
O dia vai alto, com muitas
nuvens no céu e a celebração da maior festa popular do planeta já está em
curso. Pensando bem, ele está pronto para a farra uma vez que despido de
tijolos, cimento e argamassa, suas antigas vestes, uma característica da festa
brasileira que prima pela nudez. Portanto, pode se enfeitar, cantar e pular à
vontade porque já está despido.
Animado com a possibilidade de ter uma sobrevida na
memória da comunidade resolve se engalanar para chamar a atenção e mostrar a
todos que o seu formato esquelético de agora ainda é colorido e que tem amigos
fiéis, como o Rio, que lhe faz companhia desde sempre, refletindo com
generosidade em suas águas, seu dia a dia. Incansável, se enfarpela nos ventos
estando sempre de prontidão para se unir a ele caso o caldo entornar.
Depois do conluio com o velho companheiro resolve
enfeitar a famosa chaminé com muitas fitas de cetim dependuradas e
esvoaçantes dando um ar de pura graça, reanimando o som do apito que se eleva
aos céus num ritmo pungente que os mais antigos ouvirão. Um fundo musical das
antigas marchinhas da folia.
As paredes esburacadas se unem à farra e buscam a
parceria do Rio para que ele se faça de espelho a elas que irão ondular
harmoniosamente no ritmo do samba, quem sabe.Tudo pronto para a folia que estes
dois parceiros de uma vida oferecem à cidade. Fantasia a festa da hora.
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