O formigueiro de gente e bicho se misturava todo
dia, uns entrando outros saindo, alguns tocando a manada para o desterro,
abençoado por muitos, uma vez que sempre aguardados na transformação.
Ali, ninguém se escondia, nem se
envergonhava de zanzinar com seus uniformes no vai e volta da fábrica para casa
e vice-versa. As conversas também faziam parte do andar da carruagem e tudo se
dizia e ouvia, fosse para o bem, fosse para o mal. Todos tinham a língua
comprida se era para melhorar, para criticar para seguir, na boa, em
frente. A simplicidade das relações e da comunicação é o que de mais precioso
havia naquela comunidade. Tudo se fazia e tudo se sabia. Não há esconderijo
para a verdade.
Não havia cegueira para os fatos da vida e o
rádio-corredor rolava solto, porém, muito engraçado se olharmos pelo ponto de
vista que falar mal, às vezes, vem para o bem.
E neste trote foi passando o tempo e também os maus
tempos vieram e desta feita ninguém estava preparado para o silêncio repentino
de uma usina humana que trabalhava em várias frentes vislumbrando em seguida o
resgate de toda a produção.
O breque sequer derrapou.
Simplesmente se apagaram as luzes, cessaram os sons, e apenas os olhares se
cruzavam por entre as ruas calando fundo esta história para sempre. A memória
viva salteia com facilidade os tapumes.
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