sexta-feira, 30 de maio de 2025

O formigueiro de gente e bicho

 


 

O formigueiro de gente e bicho se misturava todo dia, uns entrando outros saindo, alguns tocando a manada para o desterro, abençoado por muitos, uma vez que sempre aguardados na transformação.

 Ali, ninguém se escondia,  nem se envergonhava de zanzinar com seus uniformes no vai e volta da fábrica para casa e vice-versa. As conversas também faziam parte do andar da carruagem e tudo se dizia e ouvia, fosse para o bem, fosse para o mal. Todos tinham a língua comprida se era para melhorar, para criticar para seguir, na boa, em frente. A simplicidade das relações e da comunicação é o que de mais precioso havia naquela comunidade. Tudo se fazia e tudo se sabia. Não há esconderijo para a verdade.

Não havia cegueira para os fatos da vida e o rádio-corredor rolava solto, porém, muito engraçado se olharmos pelo ponto de vista que falar mal, às vezes, vem para o bem.

E neste trote foi passando o tempo e também os maus tempos vieram e desta feita ninguém estava preparado para o silêncio repentino de uma usina humana que trabalhava em várias frentes vislumbrando em seguida o resgate de toda a produção.

O breque sequer derrapou. Simplesmente se apagaram as luzes, cessaram os sons, e apenas os olhares se cruzavam por entre as ruas calando fundo esta história para sempre. A memória viva salteia com facilidade os tapumes.

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