Aquele elevador não se deixou abater nem desmarcar
seu território e segue ileso, sendo também sustentado pelas lembranças, que não
são poucas e que o faz todo dia espiar o entorno e receber as luzes do dia com
o reflexo do movimento do rio.
Na memória, muito barulho, risadas constantes e a
gritaria dos operários que estavam começando o dia, intercalando os andares
conforme fosse a atividade ou descendo no final, trazendo atrás de si a água
lavando o que foi deixado para trás.
Na imaginação, todo dia é recolhido para seu
interior os mugidos e grunhidos que se ouvia
entre um e outro andar, misturado às ordens dos capatazes e a interlocução dos
andantes.
Sem o som de antigamente o silêncio é acompanhado apenas dos caramujos que
andarilham por ali, as traças sorrateiras e as teias de aranha que ali estão
contando a história e fazendo companhia ao velho elevador.
A vida segue ali intensa porque o maquinário não perdeu sua vida e continua
subindo e descendo no olhar dos passantes, se distraindo na contagem das
estrelas, assoviando ao vento para o telhado descarnado de proteção.
Na roda da vida ele poderá vir abaixo como um herói
remanescente de uma história contada de boca em boca e que nenhuma
ferramenta ou bomba de destruição poderá calar.
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