sexta-feira, 30 de maio de 2025

O elevador - O maquinário não perdeu sua vida

 


Aquele elevador não se deixou abater nem desmarcar seu território e segue ileso, sendo também sustentado pelas lembranças, que não são poucas e que o faz todo dia espiar o entorno e receber as luzes do dia com o reflexo do movimento do rio.

Na memória, muito barulho, risadas constantes e a gritaria dos operários que estavam começando o dia, intercalando os andares conforme fosse a atividade ou descendo no final, trazendo atrás de si a água lavando o que foi deixado para trás.

Na imaginação, todo dia é recolhido para seu interior os mugidos e grunhidos que  se ouvia entre um e outro andar, misturado às ordens dos capatazes e a interlocução dos andantes.

Sem o som de antigamente o silêncio é acompanhado apenas dos caramujos que andarilham por ali, as traças sorrateiras e as teias de aranha que ali estão contando a história e fazendo companhia ao velho elevador.

A vida segue ali intensa porque o maquinário não perdeu sua vida e continua subindo e descendo no olhar dos passantes, se distraindo na contagem das estrelas, assoviando ao vento para o telhado descarnado de proteção.

Na roda da vida ele poderá vir abaixo como um herói remanescente de uma história  contada de boca em boca e que nenhuma ferramenta ou bomba de destruição poderá calar.

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