Naquele tempo em que não havia o curto circuito
estelar de comunicação atravessando os céus e confundindo nosso cérebro
com tantas coisas inúteis, o guarda-livros era a pessoa que minuciosamente
anotava entradas e saídas do financeiro da fábrica. O total era cuidadosamente
somado e seus registros assentavam na mesa de quem tinha o poder de determinar
os rumos. Seja para mais, seja para menos. Simples assim.
Assim a vida seguia, célere para
seu tempo e devagar no desenho de cada cifra,
Deixando para o final do dia o traçado caprichado daquela coluna que ditava o sucesso da fábrica. Pelo menos naquele dia.
Meticuloso, o talentoso contador de números todo
dia apontava seus lápis e deixava a caneta tinteiro de prontidão para contar o
resumo e garantir que nada seria apagado.
A partir da contação de suas notas a fábrica da Banha Rosa foi tomando corpo e dos resultados buscou autonomia para crescer tornando-se então o Frigorifico Renner. Nesta feição lá estava o homem que registrava a história dia após dia com determinação.
Todos estavam lá para ver o progresso do empreendimento e da cidade que rodeava
aquele que seria por muitos anos um monumento certificado da cidade.
Já não havia mais o guarda-livros minucioso a
escrever gráficos simplificados mas uma sala acondicionada de um ar gelado e
uma grande máquina barulhenta a registrar a numeração. O pesado livro composto
de lindas letras e números ficaram para trás e as metas se superavam. A fábrica, mesmo sofrendo uma sangria mantém
em seu arcabouço histórico muitos causos contados e recontados.
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