sexta-feira, 30 de maio de 2025

O guarda livro - Devagar na cifra

 


Naquele tempo em que não havia o curto circuito estelar de comunicação atravessando os céus e confundindo nosso cérebro com tantas coisas inúteis, o guarda-livros era a pessoa que minuciosamente anotava entradas e saídas do financeiro da fábrica. O total era cuidadosamente somado e seus registros assentavam na mesa de quem tinha o poder de determinar os rumos. Seja para mais, seja para menos. Simples assim.

Assim a vida seguia, célere para seu tempo e devagar no desenho de cada cifra,

Deixando para o final do dia o traçado caprichado daquela coluna que ditava o sucesso da fábrica. Pelo menos naquele dia. 

Meticuloso, o talentoso contador de números todo dia apontava seus lápis e deixava a caneta tinteiro de prontidão para contar o resumo e garantir que nada seria apagado.

A partir da contação de suas notas a fábrica da Banha Rosa foi tomando corpo e dos resultados buscou autonomia para crescer tornando-se então o Frigorifico Renner. Nesta feição lá estava o homem que registrava a história dia após dia com determinação.

Todos estavam lá para ver o progresso do empreendimento e da cidade que rodeava aquele que seria por muitos anos um monumento certificado da cidade.

Já não havia mais o guarda-livros minucioso a escrever gráficos simplificados mas uma sala acondicionada de um ar gelado e uma grande máquina barulhenta a registrar a numeração. O pesado livro composto de lindas letras e números ficaram para trás e as metas se superavam.  A fábrica, mesmo sofrendo uma sangria mantém em seu arcabouço histórico muitos causos contados e recontados.

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