A estrutura espetacular sempre
foi determinante para todos e sempre os assuntos na cidade faziam tal
figuração na mente do povo, que até hoje tem poder de emoção e de engajamento
onde as lembranças seguem seu ritual nostálgico, aguçando a história, ameaçando
dar um sentido muito maior ao todo.
A maior fuzarca era aquele
lugar ao receber a multidão branca caminhando pela rua Ramiro Barcelos. Todo
dia o lufa-lufa se espraiava para além dos domínios da fábrica marcando com
vivacidade as cercanias onde também uma vida de bons frutos se acomodava,
pródiga na criação de animais, plantação de frutas, verduras, alimentando os
dali e os familiares. Tudo com simplicidade de quem pensa que não
tem como escapar daquela boa sorte.
E não somente o trabalho a
fábrica provia aos seus. As reuniões esportivas faziam parte do pedaço de terra
ao lado, cuidado com amor e dedicação de todos, revelando atletas, fazendo com
que a arte de jogar bola fosse encarada como uma forma de unir mulheres,
crianças, amigos e muito mais, em torno da alegria. Sol a pino, as ponteiras da
chuteira na canela do adversário, o soco na pleura e o campo fervilhava de
simpatia, esquentando a torcida e atochando o momento para sempre na lembrança
de cada um, perpassando sem dúvida, aos seus.
O rio, caudaloso, se
aconchegava à área ofertando seu leito com generosidade às chatas abarrotadas
que afundavam até a beirada, mas ele as conduzia feliz, absorto na tarefa
e encantado pelo marulhar de suas ondas. De humores, o rio enciumado, volta e
meia inundava toda a área, afundando na lama toda a pujança, com sede daquela
alegria e movimento. Ao ouvir o som da picareta da lei, indignado, rasgou sua
barranca e recolheu a fábrica para dentro de si.
Nenhum comentário:
Postar um comentário