sexta-feira, 30 de maio de 2025

A banha

  


O imaginário nunca se faz tão forte e soberbo quanto a realidade e por mais que se queira vislumbrar como foi, em tempos modernos, se torna quase impossível. 

Rodando os calcanhares encalochados em poderosas botas brancas, se engalfinhavam os fazedores de banha pelo piso encharcado, só não escorregando porque não era hora. Algum tempo depois Julio Alfredo adotou os famosos tamancos tipo holandês, brancos, e lá se ia o macharedo batendo salto alto no ir e vir da  fabricação da banha ROSA que tinha seu destino selado:  panela de ferro. Novidadeira, a fábrica roncava uníssona e alardeava para todo o povo sua propaganda, alcançando, naquele tempo, todo o país.

Em primeira mão, a pasta branca refinada era o resultado dos esforços de muitos que desde a obtenção da matéria prima se açodavam para compor o mistério que naquela época não depositava seu resultado na cintura de ninguém. Ela existia unicamente para dar sabor à comida, para passar no pão caseiro, para lembrar que desde sempre o homem utilizou a gordura animal para cozinhar sua caça. Era o paladar que ditava os rumos daqueles tijolos muito bem embalados e com uma propaganda bem retrô dando água na boca de quem passava pelas prateleiras frigorificadas dos mercados. A banha ficou fora de moda e apontada como vilã, mas, não deveríamos esquecer do seu passado saboroso e abençoado. Relegar preciosidades custa muito.

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