O imaginário nunca se faz tão forte e soberbo quanto a realidade e por mais que se queira vislumbrar como foi, em tempos modernos, se torna quase impossível.
Rodando os calcanhares
encalochados em poderosas botas brancas, se engalfinhavam os fazedores de banha
pelo piso encharcado, só não escorregando porque não era hora. Algum tempo
depois Julio Alfredo adotou os famosos tamancos tipo holandês, brancos, e
lá se ia o macharedo batendo salto alto no ir e vir da fabricação da
banha ROSA que tinha seu destino selado: panela de ferro.
Novidadeira, a fábrica roncava uníssona e alardeava para todo o povo sua
propaganda, alcançando, naquele tempo, todo o país.
Em
primeira mão, a pasta branca refinada era o resultado dos esforços de muitos
que desde a obtenção da matéria prima se açodavam para compor o mistério que
naquela época não depositava seu resultado na cintura de ninguém. Ela existia
unicamente para dar sabor à comida, para passar no pão caseiro, para lembrar
que desde sempre o homem utilizou a gordura animal para cozinhar sua caça. Era
o paladar que ditava os rumos daqueles tijolos muito bem embalados e com uma
propaganda bem retrô dando água na boca de quem passava pelas prateleiras
frigorificadas dos mercados. A banha ficou fora de moda e apontada como
vilã, mas, não deveríamos esquecer do seu passado saboroso e abençoado.
Relegar preciosidades custa muito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário