sexta-feira, 30 de maio de 2025

O monumental agoniza

 


O escangalhado está rindo sozinho na beira do velho companheiro de jornada que desde sempre olha o que lhe passa no leito, pois suas águas não servem para relembrar o passado nem prever o futuro. 

O monumental Prédio se vê agora um pouco aliviado e agradecido porque o vilarejo o ajudou mais uma vez na crise do balança mas não cai, e com a chegada do clima mais quente, não sente mais o bafo gelado da morte iminente, correndo todo o dia o risco de virar um monte de entulho desarticulado no chão. Também havia a confabulação de se tornarem um só, Ele e o Rio, uma ruína atracada no cais para sempre. Por ora, fica para trás a travessura.

O prédio se sente um pouco enfraquecido porque quem sustenta suas entranhas são os sentimentos e a solidariedade em relação a história da cidade. Este conjunto reergueu sua dignidade, acordou os seus fãs e os filhos dos mesmos para sua importância. Está claro que ele não serve mais, mas também fica claro que já foi feito de carne e osso e que permitiu estudo, subsistência e amparo a quem a ele dedicou a vida ou parte dela, para sua manutenção no mercado. Ele se regozija ao ver em sua volta os novíssimos e inusitados andaimes, construídos com o respeito ao passado e ao patrimônio histórico. A vida de um prédio perpetuada na memória e no coração do povoado. A palavra dissonante, uma arma de amor.



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