Grandão, calou-se faz muito mas foi tal o berreiro
em seu entorno que seus vãos deram uma balançada, a passarada se alvorotou e
até as pedras já gastas do caminho rolaram entre si com mais energia. O rio
resolveu se revoltar e ameaçou de fazer sucumbir a terra em seu entorno, já bem
fragilizada.
Não para por aí o barulho, uma vez que muitas lembranças foram desenterradas e as histórias chegaram ao momento presente animando a torcida. No imaginário de muitos o apito voltou a tocar delineando as normas do dia e muitos se vestiram de branco e foram às ruas com sorriso igual. O tempo parou.
Os trilhos vieram fazer parte do atalho dos
operários e desta vez as pessoas que lá atrás eram crianças descobriram que
quem assombrava os velhos trilhos do trem não eram fantasmas, mas sim a galera
trabalhadora da fábrica que sorrateiramente, e com muita pressa, se esgueirava
pelo caminho menos convencional para chegar logo às suas casas. Histórias
criadas e para sempre acreditadas.
A Kombi voltou a circular nas “vendas” de esquina fazendo a entrega e abastecendo a cidade, esquentando a conversa, animando as rodas preguiçosas daquelas manhãs de sol ou de chuva, não importava. O que valia a pena era a ação sistemática e a rotina de cada semana que dava vida e saúde mental aos coadjuvantes da história.
Crianças voltaram a ser guiadas
pelas mãos dos seus pais para visita à fábrica e de olhos esbugalhados seguiam
mudas, mas muito atentas, às explicações e ensinamentos que emanavam daquele
lugar. Tudo sólido, correndo frente ao rio soberano e forte. Tudo pode ser, com
outras cores.
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